João chegou e cumprimentou toda a
galera da banda. Todos estavam felizes por estarem de volta ao Brasil. Júlia
parecia muito feliz ao vê-lo.
---João. Quanto tempo, não?!
---pois eeh. Você sumiu.
---vida de estrela é assim mesmo queridinho! – disse ela fazendo pose de
bitch.
---seu namorado é ciumento. É melhor você desgrudar de mim.
---ele nem liga, não é amor?! – foi até Zac e lhe deu um selinho, e
depois outro, e depois outro, até que João interrompeu:
---então casal, eu sei que vocês se amam, mas será que dá aguentar um
pouquinho?!
---da sim Joaquim.
---eu já disse o que faria com você caso me chamasse assim novamente,
não disse?!
---que historia é essa de Joaquim? – perguntou Zac confuso.
---depois eu te explico amor...
---Ike, que saudade.
---pois eeh. Como vai a vida de estudante?
---pra falar bem a verdade está indo até bem. Sou o melhor aluno em
anatomia. – Júlia torceu o nariz. – é muito bom estudar minuciosamente os
órgãos dos animais.
---se eu vomitar aqui nós já sabemos quem é que vai limpar néeh João?!
---eu sei. Só falei pra te provocar. Mas está muito boa Ike. E a sua
vida de rockstar?
---está indo, na medida do possível. – João percebeu a decepção na
resposta de Ike, mas preferiu conversar sobre isso depois.
---e você Carol?! Como foi a academia?
---que academia?
---taah Carol, para de fingir, eu falei pra ele que você passaria o
tempo todo na academia se deixassem.
---isso não é verdade. Você sabe como fico animada pra ir à academia!
---aah oi Taylor.
Taylor, educado como era não
respondeu!
Depois que todos subiram e
deixaram as malas nos devidos quartos e desceram novamente, foram para a
piscina relaxar.
---nossa às vezes me esqueço de como uma piscina é relaxante! – disse
Júlia pulando na água e molhando todo mundo.
Passaram a tarde inteira
brincando. Não teria compromissos até o dia seguinte, quando deveriam acertar
os últimos detalhes para o show. O clima estava insuportável entre Alice e
Taylor com os demais membros da banda. Zac, Júlia, Ike e Carol mantiveram-se
firmes enquanto o furacão Alice atravessou a banda.
Júlia e João conversaram a tarde
inteira.
À noite, durante o jantar, todos
conversavam e comiam. Alice apenas mexia a comida com o garfo, até que Joana a
questionou.
---a comida não está boa Alice? – Alice não disse nada. – Alice, está
tudo bem? – silencio novamente. – Alice.
---oi. – ela respondeu como se estivesse voltando de uma longa e intensa
viagem por seus pensamentos.
---e então?!
---eer, bem, eu acho que sim! – disse ela sem ter a mínima noção do que
Joana lhe tinha perguntado.
---eu pedi se a comida estava boa!
---está com uma cara ótima, mas eu não estou com fome. Desculpa. Com
licença. Preciso subir.
Alice saiu da mesa e Taylor foi
atrás dela imediatamente.
---o que está acontecendo com você Alice?!
---o que está acontecendo comigo?! Nada. Está tudo perfeitamente bem. –
disse Alice visivelmente irritada.
---você está estranha comigo ultimamente. Foge de mim quando tento te
beijar...
---já passou pela sua cabeça que talvez eu tenha nojo de você?
---o que você está falando? É aquele caipira outra vez? Ele vai estragar
o nosso amor novamente?
---que amor? Você chama isso que se tornou nosso relacionamento de
amor?! Se isso é amor eu dispenso!
---você está sendo muito insensível.
---aah desculpa. Esqueci que você é o senhor sensibilidade. Quer saber
Taylor?! Me esquece. Finge que eu nunca existi na sua vida. Creio que não será
nada difícil!
---você não está sendo justa. Eu te amo.
---NUN-CA mais repita essas palavras pra mim. Quer falar “eu te amo”
fala, mas pelo menos sinta antes de dize-lo!
---eu não estou te entendendo.
---na verdade não é mesmo pra entender. – Alice, que já tinha chegado na
porta do quarto entrou e bateu a porta com muita força, na cara de Taylor.
Dando-se por derrotado Taylor voltou à mesa.
---desculpem, precisava falar com ela.
---aconteceu alguma coisa? – perguntou Ike.
---nada que o Tayzão aqui não resolva. – disse ele fazendo pose de
gostoso e provocando João.
---éeh, nós pudemos ouvir a porta fechando na sua cara! – disse Júlia
provocando.
Isso acabou com o clima do
jantar. Carol terminou rapidamente de jantar e foi até o quarto de Alice.
---precisamos acertar alguns detalhes!
---sim. Precisamos!
Conversaram por quase uma hora
até que Júlia as interrompeu. Ao entrar no quarto de Alice, Júlia respirou
fundo, como se sentisse muita saudade daquele quarto. Havia fotos de Luna
espalhadas por todos os cantos.
---desculpem-me por incomoda-las, mas faremos uma sessão de cinema lá
embaixo. Não querem nos acompanhar?!
---estou descendo, Júlia. – disse Carol indo em direção à porta.
---acho que vou ficar por aqui mesmo.
Já era madrugada quando a casa
finalmente silenciou. Alice resolveu então fazer o que mais gostava de fazer
quando estava triste: ir até a piscina, sentar-se em uma das cadeiras e admirar
o céu estrelado.
A noite estava iluminada e
convidativa para isso. Alice acreditou que todos estariam dormindo, então
relaxou.
---você costumava ser mais educada quando morava na fazenda!
O coração de Alice disparou. Ela
conhecia a voz que falava isso.
---o que você está fazendo aqui, João?
---esperando você! Tenho certeza de que você pensou isso. Mas está
enganada!
---sua namorada sabe que você está aqui?
---que namorada?
---fui informada há algumas semanas atrás que você estaria namorando...
---e você deixaria eu seguir em frente? Sem nem ao menos lutar por mim?!
---a vida é sua! E a escolha também!
---você não muda mesmo não é garota?
---você ainda não respondeu o que está fazendo aqui fora.
---quando não consigo dormir, preciso sair e respirar ar puro pra daí
conseguir dormir, mas estando em uma cidade grande isso se torna quase
impossível, porque o ar daqui nunca é limpo! – Alice esboçou um simples sorriso
no rosto, e isso acabou sendo uma deixa para que João prosseguisse. – está tudo
bem?
---não sei.
---como não sabe?
---sei lá, é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Nada saiu da forma
como eu esperava.
---ainda não entendo.
---a banda, minhas amizades, e, outras coisas também.
---a Júlia sente muito sua falta.
---aah é?! Não, porque, não parece. Ela está sempre sorrindo pra todos
os cantos...
---já se passou pela sua cabeça de que a diferença entre a Júlia e você
seja que ela é forte?
---eu também sou forte!
---não falo de força física, eu falo que mesmo com todos os motivos pra
chorar, ela ainda sorri! Tornamos-nos melhores amigos durante essa turnê.
---eeh, eu fiquei sabendo que vocês conversaram bastante, mas apenas
isso.
---você nunca perguntou a ela sobre o que conversávamos?
---às vezes – Alice pensou em mencionar as vezes que havia ouvido a
conversa deles escondida–, quer dizer, não!
---e por que não? Se no fundo era exatamente isso que você queria fazer?
Por que você não pegou o telefone e me ligou?
---João, eu já superei isso e acho que você também. Eu já sofri muito
por sua causa. Não preciso de mais um problema pra minha cabeça!
---você acha que é só você que tem sentimento não é mesmo Alice?!
---João, por favor. Eu já tenho problemas demais. Não me fale mais nada,
porque eu não vou aguentar. – ele pode perceber o desespero na resposta de
Alice.
---não estou estudando psicologia, mas a sua resposta, seus gestos e seu
olhar imploram que eu faça isso. Entenda como sendo um ato de amigos.
Antes que Alice pudesse reagir
João a abraçou forte. Eles se encaixavam perfeitamente. Alice desabou chorar.
João acariciava os cabelos dela, como se fossem irmãos. Ele sentia seu coração
aos pedaços ao vê-la chorando daquele jeito e não poder fazer nada.
João compreendeu que aquele
momento não necessitava de palavras, o abraço já se encarregava de tudo. Quando
Alice se acalmou e se soltou dos braços dele, tentou falar alguma coisa, mas
não conseguiu.
---suba descansar Alice. Deve ter sido puxado aguentar essa turnê
inteira.
---você não imagina o quanto.
---dorme um pouco que é a melhor coisa que você conseguirá fazer.
---dormir é a ultima coisa que conseguirei fazer!
---e por quê? O que está afligindo seu coração?
Lagrimas rolaram dos olhos de
Alice e ela não conseguiu responder. Apenas sentou-se na cadeira e disse:
---ainda dói muito João. Mas dói muito mesmo. Eu a perdi! Pra sempre! –
João não entendia nada e compreendeu que ela não conseguiria explicar o que se
tratava. Chegou perto dela e ajoelhou no chão.
---não se esqueça de que somos irmãos, e que irmãos contam tudo um pro
outro!
Deu um beijo na testa de Alice e
subiu pro quarto. Alice ainda ficou por um bom tempo perdida em seus pensamentos
e afogando-se em suas lagrimas até que foi dormir também.
Ao amanhecer, um a um foi
levantando e dirigindo-se ao café da manha. Uma cara pior que a outra.
---nossa Júlia, você dormiu no cemitério essa noite? – perguntou João.
---não por quê?!
---porque você está parecendo um zumbi. – respondeu Carol!
---dormimos juntas lá então ne amiga?!
---minhas olheiras estão enormes! Eu to muito cansada. Não vejo a hora de
essa turnê terminar. – disse Carol.
---eu também estou cansado. Muito cansado. E morrendo de saudade dos
meus pais! – disse Ike.
Alice chegou ao recinto e o
silencio juntamente com ela. Estava vestida inteiramente de preto e sua
maquiagem camuflava as olheiras.
---não sei a hora que eu volto!
---aonde você vai meu amor? Eu vou com você seja lá onde for – disse
Taylor.
---você vai pro diabo que o carregue. Eu vou sozinha! Já sei me virar.
Esqueceu senhor independente?! – todos seguraram o riso. João já estava ficando
roxo até que Júlia pisou em seu pé e ele se acalmou.
---você tem uma entrevista daqui a meia hora Alice. E antes dessa
entrevista você não sai daqui! – disse Clarisse na maior calma do mundo.
---quebra esse galho pra mim?!
---já quebrei muitos galhos por você nessa turnê. Você vai dar a
entrevista.
Alice bufou e subiu para o
quarto. A entrevista seria para uma importante revista adolescente. Alice
procurou manter a calma durante as perguntas, mas recusou mudar sua pose para
as fotos. Assim que o fotografo a liberou ela foi direto a uma floricultura.
Cerca de uma hora depois ela
estava no lugar que marcava duas fases de sua vida: o fim e o recomeço!
Sim, ela estaria diante do tumulo
de Luna. Faria dois anos que Luna salvara sua vida. Com um lindo buquê de rosas
nas mãos, velas e com um óculos escuro protegendo os olhos Alice se aproximou
do tumulo.
Alice tirou o óculos, leu o nome
da amiga e começou a chorar.
---por que tinha que ser assim? Seria tudo tão mais fácil se eu tivesse
morrido. Meus pais já estariam separados, você estaria sendo feliz com sua família,
eu não teria conhecido, namorado e odiado Taylor Hanson. Eu não teria sofrido
tudo o que sofri nessa turnê que não deu em nada. Não acrescentou em
nada na minha vida isso. Eu não teria chorado tudo o que chorei por sua causa.
– Alice chorava muito e soluçava alto. – Por quê?! Eu que tinha que ter
morrido. Foi por minha causa que você morreu! –Caiu de joelhos no chão ao
terminar de falar isso. – como eu queria voltar no passado e levar aquele tiro
por você!
Alice ficou em silencio por um
tempo. As lembranças dos momentos horríveis que passou nas mãos dos
seqüestradores, o momento em que o tiro atingiu Luna, o velório, o enterro...
Era demais pra Alice. Quando finalmente se acalmou, continuou:
---desde que você se foi não temos conversado muito não é mesmo?! –
Alice contou detalhes da turnê para Luna. Contou sobre os problemas com Júlia,
com Carol, com Taylor, com João e então ela se deu conta que talvez o problema
não estivesse neles, e sim nela!
Olhando a cena de longe, poderiam
dizer que Alice havia enlouquecido, mas só ela sabia o quanto precisava
daquilo. Ela precisava desabafar. De certa forma ela sentia como se Luna
estivesse à sua frente, escutando atenciosamente tudo o que ela falava.
Alice ficou cerca de duas horas
na sepultura de Luna. Antes de sair ela fez uma pausa, respirou fundo e disse:
---eu te amo muito amiga e obrigado por ter estado comigo em todos os
shows dessa turnê! Se eu cantar no show dessa noite, farei uma homenagem a
você!
Depositou finalmente as flores
lá, acendeu sua ultima vela e saiu aliviada, porem, com o coração apertado
ainda.
Desde o dia do enterro Alice não
tinha mais visto os pais de Luna. Decidiu que já era hora de ir vê-los, afinal
também não fora fácil superar a perda de Luna. Quase duas horas da tarde e Alice
estaciona seu carro frente ao portão da casa de Luna. Não tinha certeza se
estava psicologicamente preparada pra tanto, mas algo dentro dela dizia que
deveria entrar.
Tocou a campainha três vezes até
o portão se abrir. A empregada da casa a anunciou e ela entrou.
---Alice, quanto tempo! – disse a mãe de Luna.
Desde o enterro de Luna Alice não
a via. Ela estava muito diferente. Já era possível ver fios brancos no meio dos
cabelos escuros. Os olhos profundos indicavam que realmente não fora fácil aceitar
a perda da filha. Fotos de Luna estavam por todos os lados.
---nem me fala. – elas se abraçaram e choraram juntas.
---eu achei que você ia nos esquecer.
---eu jamais faria uma coisa dessas.
---então por que você demorou tanto para nos visitar?
---porque eu não estava preparada para entrar aqui nessa casa novamente,
e pra ser sincera ainda não estou. Ainda me pergunto o que é que estou fazendo
aqui!
---fico feliz que você tenha vindo. O dia de hoje é muito difícil pra
mim e para o meu marido. Desde que ela se foi é como se essa casa tivesse se
tornado um castelo: grande e vazio! Luna levou com ela a alegria de nossa vida.
Não foi nada fácil no começo, mas depois começamos a nos acostumar. Fomos
obrigados a isso, ou então enlouqueceríamos! Você já foi ao cemitério?
---acabei de sair de lá. Passei um bom tempo com ela. Estava precisando
disso. Desde que ela se foi um pedaço de mim também morreu, mas encontrei na
musica uma forma de continuar minha vida. Acho que vocês ficaram sabendo que minha
banda esteve fazendo uma turnê mundial, não?!
---sim. Nós víamos você dando entrevistas e ficamos felizes por ver que
você havia superado a perda dela.
---não, eu nunca superei. Eu finjo estar alegre na maior parte do tempo,
porque também sinto muito a falta dela.
---sente-se Alice. Vamos conversar.
Alice conversou muito com ela. Alice
pode então perceber o quão difícil foram às coisas para ambos os lados. Quando
disse que iria embora a mãe de Luna lhe falou:
---Alice, espera. Antes de você ir embora eu queria que você me
acompanhasse.
A mãe de Luna levou Alice até o
quarto de Luna.
---não sei se eu consigo entrar no quarto dela.
---entre, por favor. Tem algo que eu quero que você veja.
Alice assentiu. Respirou fundo,
juntou todas as forças que possuía e entrou. O quarto de Luna estava da forma
como Alice se recordava. Tudo bem organizado e por um instante lembrou-se de
seu quarto, sempre uma bagunça, e de como Luna implicava com ela por isso.
Sobre a cama de Luna havia algo que parecia um diário. A mãe de Luna percebeu
que Alice o notara e disse:
---alguns meses depois que ela se foi, quando eu consegui criar coragem
pra entrar no quarto dela novamente, eu encontrei isso aberto na cama dela.
Percebi que era um diário e comecei a lê-lo; sei que não deveria, pois eram
segredos dela, mas, percebi que ela queria que eu lesse. Ela deixou um recado
pra você ai dentro. Eu iria te entregar, mas a coragem para revê-la me faltava,
e então, hoje, eu estava disposta a levá-lo na sua casa, mas você veio aqui.
Então, leve-o, mas cuide muito bem dele, porque é um pedaço da minha filha que
estou te entregando.
Alice tinha os olhos molhados de
lagrimas, mas o pegou nas mãos e agradeceu. Olhou novamente o quarto e reviveu
alguns momentos. Ao sair da casa deixou dois ingressos do show de logo mais
para a mãe de Luna.
Alice precisava passar em um
lugar ainda, e só então sentir-se-ia mais leve.
Cerca de meia hora depois estava
sentada no balanço do bosque em que conhecera Luna. Finalmente tomou coragem para
ler o que estava escrito no diário. Nem se deu conta de que já eram quase seis
horas da tarde e que o show começaria em pouco mais de duas horas.
Seu celular começou a tocar, mas
ela simplesmente o ignorou. Arrumou o cabelo e abriu o diário.
“Hoje a Alice me divertiu muito. Às vezes eu penso que ela é um anjo.
Espero um dia poder retribuir tudo o que ela me faz. Quando estávamos sentadas
no balanço e meu sorvete caiu, ela me deu o dela! Que fofa”.
“Hoje a Alice fez cócegas em mim até eu fazer xixi nas calças. E o
garoto mais bonito do bosque viu! Eu vou matar ela!”
“hoje minha mãe brigou comigo. Ela disse que eu não faço nada certo. Eu
contei pra Alice e quando perguntei o que eu tinha feito de errado ela disse
que eu tinha nascido. Juro que eu quis quebrar o nariz dela quando ela me disse
isso!”
Alice continuou lendo. Chorava ao
relembrar as cenas. Provavelmente o diário começara a ser escrito quando elas
tinham cerca de onze anos. Em breves comentários Luna resumia o que acontecera
de marcante no dia. Alice foi lendo tudo, até que achou o que estava escrito no
dia do aniversário em que
Luna lhe preparara a festa surpresa.
“Hoje eu enganei a Alice direitinho. Eu a fiz pensar que eu tinha me
esquecido do aniversário dela e a deixei sozinha a tarde inteira. Como eu a
conheço muito bem e sabia que ela ficaria trancada no quarto o dia inteiro,
organizei uma festa pra ela. Tentei falar com os pais dela, mas os trezentos
assessores que me atenderam disseram que eles estavam ocupados demais. Eu acho
que ela é uma menina preciosa demais pra ser tratada desse jeito. A mãe da
Alice é neurótica e brigou com ela por causa de uma flor! Se ela descobrisse o
que eu faço com as flores da minha mãe... nunca vou me esquecer da carinha de
felicidade da Alice ao me ver chegando lá com a galera. Eis um dia que vai
ficar pra sempre na minha cabeça.”
Alice começou a soluçar ao
reviver esse dia de sua vida. Realmente Luna a conhecia muito bem! Já estava
quase chegando ao fim do diário quando encontrou o que a mãe de Luna
provavelmente queria que ela lesse.
“Hoje eu tentei dizer à Alice o quanto eu a amava, mas eu não consegui.
Fiquei o dia inteiro com ela, tentei, tentei e não deu certo. Fiquei muito
triste, porque ela é maravilhosa e merece ouvir isso. Eu a amo tanto que morro
de medo de perdê-la, mas caso isso aconteça eu queria que ela soubesse que eu a
amo muito. Queria que ela soubesse que é a irmã que eu não tive e que eu nunca
a abandonarei. Ela vai comigo aonde eu vou. A Alice merece tudo de bom. Ela
erra as vezes, mas somos humanos. Aprendi que sempre devemos dar uma segunda
chance às pessoas, porque talvez elas saibam aproveita-las melhor do que na
primeira vez. Pra Alice eu daria um milhão de chances se fosse preciso. Espero
que eu tenha uma segunda chance para tentar dizer tudo isso à ela. Mas caso eu
não tenha essa chance, eu sei que ela vai ficar sabendo de uma forma ou de
outra. Eu a amo muito e quero que ela seja muito feliz. E se por acaso nossa
amizade não durar pra sempre e ela seguir o caminho dela eu entenderei. Tudo o
que é bom dura o suficiente para ser inesquecível!
PS: praticando: Alice, eu te amo muito. Você é uma irmã pra mim. Te amo
BESTinha
PS2: tentar falar isso a ela!”
Alice fechou bruscamente o
diário, como se quisesse controlar o turbilhão de emoções que a atingia. Sentiu
como se seu coração estivesse todo quebrado no chão e alguém ainda pisasse
sobre ele. A vontade que tinha era a de voltar no tumulo de Luna, e já que não poderia mais abraçá-la e dizer
isso pessoalmente, pelo menos dizer isso diante do lugar onde estavam
enterrados todos os seus sonhos e planos... Porem abriu o colar de coração com
a foto delas e disse:
---eu sempre soube que você me amava, e eu também te amava. E muito...
Minha irmã!
Enquanto Alice chorava e tentava
se auto-consolar, Júlia já estava desesperada ligando no celular dela. Ike
chegou e perguntou:
---nada da Alice ainda?
---não. O celular dela chama até cair e ela não me atende. Ela saiu logo
depois da entrevista, não disse aonde ia e nem que horas voltava. O show começa
daqui a pouco e ela tem que se arrumar!
---você não tem nem uma idéia de onde ela possa estar?
---não. Ela geralmente não diz aonde vai...
---ela estava bem emotiva ontem à noite quando a vi – disse João. – ela
meio que segurava um colar na mão e chorava.
---infelizmente isso não ajuda João! – disse Ike preocupado.
---espera. O colar era de coração, certo? – João assentiu – um
calendário. Que dia é hoje? – Júlia achou o calendário mais próximo e falou –
eu preciso de alguém que saiba me levar ao cemitério da cidade!
---Júlia, isso é hora de se pensar em cemitério? Você já está quase
pronta pra subir no palco, não pode sair desse jeito.
---eu sei que estou parecendo a dona Florinda, mas é pelo bem da banda.
Eu preciso ir até o cemitério. Se não estou enganada hoje faz dois anos que a
Luna, amiga da Alice morreu. Ela só pode estar no cemitério. Isso explicaria o
fato de ela estar toda de preto!
---eu dirijo. – disse Ike. – mas precisamos ser muito rápidos. Avisa a
galera pra segurarem as pontas por aqui.
---eu vou com vocês. – disse João.
Correram para o carro e
praticamente voaram em direção ao cemitério. Chegaram lá e não viram o carro de
Alice. Ike imediatamente falou:
---ela não está aqui Júlia. Seu raciocínio foi bom, mas nos trouxe para
o lugar errado. Ela não está aqui. Talvez ela já tenha até voltado lá pro
estádio.
---não. Não faz sentido. Pensa Júlia, pensa. Onde a Alice poderia estar?
Ela não está no cemitério, ela não está em casa e ela não está no estádio. Um
lugar que a marcou muito. Ai meu Deus. Espera, acho que eu já sei. Vai pro
bosque.
---que bosque?
---vai indo que eu te indico o caminho.
Ao chegarem ao bosque Júlia
imediatamente gritou:
---olha o carro dela ali. Eu vou procurar ela.
---eu vou com você Júlia.
---acho melhor não João.
---eu vou sim.
---eu também vou – disse Ike.
Foram direto em direção ao
parquinho, porque Júlia falou que pessoas carentes, por clichê ou não, procuram
brinquedos pra se confortarem. A encontraram rapidinho.
---Alice. Que bom que te achamos – disse Júlia abraçando-a – o que
aconteceu? Você está chorando. – Alice começou a chorar novamente.
---amiga nós temos um show daqui a pouco menos de uma hora. Você precisa
vir conosco.
---eu não sei se posso.
---nós temos uma surpresa preparada pra você! Venha com a gente.
---eu não vou conseguir.
---Alice, nós estamos com você! Lembra que somos irmãos. Sei que não sou
da banda, mas sinto como se eu fosse! Nós não vamos te forçar a nada. Apenas
saiba que te amamos acima de tudo! – disse João.
---nós vamos voltar porque o show tem que começar. Se você se sentir bem
o suficiente, venha conosco!
Abraçaram-na e foram para o
carro.
---que surpresa nós temos pra ela Júlia?
---ainda não temos. Precisamos passar na casa dela. Eu preciso pegar o
notebook dela.
Chegaram ao estádio novamente
faltando apenas quinze minutos para o show começar. Carol já estava em pânico
achando que não daria tempo. Faltando cinco minutos para subirem ao palco Alice
ainda não estava lá com eles. Júlia então chegou para Carol e disse:
---bem, como esse é o nosso ultimo show podemos mudar o set-list. Você
vai ter que começar cantando. Você é a estrela agora!
---mas eu não sei se estou preparada!
---você está esperando isso desde que começamos a turnê. Aproveite!
Subiram no palco sem Alice.
Taylor estava ansioso demais para se preocupar com alguma coisa. Surpresas o
aguardavam e ele nem sonhava com isso!
A musica começou e Alice não
chegou. Todos acharam que ela faria uma entrada triunfal, igual havia feito no
primeiro show, mas ela não a fez. Terminaram a primeira musica e saíram do
palco. Foram obrigados a adiantar o momento solo de Zac. Quando ele estava na
metade da musica, eles já tinham a certeza de que Alice não chegaria, porem
João disse:
---eu a conheço. Ela vai aparecer a qualquer momento.
O momento solo de Zac já havia
terminado e todos estavam se dirigindo ao palco novamente, quando João avisa
para que eles enrolassem a galera um pouquinho. Para a surpresa dos
desacreditados, Alice apareceu, com os olhos inchados, pegou o violão que João
segurava e subiu no palco, conectou o cabo que vinha da caixa de som no violão.
Era difícil entender o que se passava na cabeça dela, mas uma coisa era certa:
surpresas a vista!
Alice começou cantando uma versão
acústica de “I’m With You – Avril Lavigne”
Eu Estou Com Você
Estou parada em uma
ponte
Estou esperando no
escuro
Eu pensei que você
estaria aqui agora
Não há nada exceto a
chuva
Sem pegadas no chão
Estou ouvindo mas
não há som
Há alguém tentando
me encontrar?
Alguém virá me levar
para casa?
É uma maldita noite
fria
Tentando entender
essa vida
Você não vai me
levar pela mão?
Leve-me para algum
lugar novo
Eu não sei quem você
é
Mas eu... Eu estou
com você
Eu estou com você
Estou procurando um
lugar
Estou procurando um
rosto
Há alguém aqui que
eu conheça?
Porque nada está
dando certo
E tudo está uma
bagunça
E ninguém gosta de
ficar sozinho
Há alguém tentando
me encontrar?
Alguém virá me levar
para casa?
Está uma maldita
noite fria
Tentando entender
essa vida
Você não vai me
levar pela mão?
Leve-me para algum
lugar novo
Eu não sei quem você
é
Mas eu...eu estou
com você
Eu estou com você
Yeah, Yeah, Oh...
Oh por que tudo está
tão confuso?
Talvez eu esteja
fora de mim
Yeah yeah yeah
Yeah yeah yeah
Yeah yeah yeah
yeeeaaahhh
Está uma maldita
noite fria
Tentando entender
essa vida
Você não vai me
levar pela mão?
Leve-me para algum
lugar novo
Eu não sei quem você
é
Mas eu...eu estou
com você
Eu estou com você
Eu estou com você
Vai me levar pela
mão ?
Leve-me para algum
lugar novo
Eu não sei quem você
é
Mas eu...eu estou
com você
Eu estou com você
Eu estou com você
Vai me levar pela
mão?
Leve-me para algum
lugar novo
Eu não sei quem você
é
Mas eu...Eu estou
com você
Eu estou com você
Eu estou com você
Ao terminar a musica, a platéia
aplaudiu em pé. Pra
eles tudo estava devidamente combinado! Alice terminou de cantar essa musica e
saiu do palco. Era o momento solo de Ike. Todos os solos foram adiantados pra
que a grande surpresa tivesse um destaque maior!
Alice esperava por Carol em seu
camarim. Já estava quase pronta quando Carol entrou.
---o Taylor atendeu alguma ligação antes do show Carol?
---sim. Mas não consegui ouvir do que se tratava.
---com certeza era daquilo que te falei. E então, está preparada? Seu
solo é daqui a pouco.
---sim, quer dizer, eu acho.
Alice aproximou-se dela e pegou
suas mãos e disse:
---bem, novamente quero te pedir desculpas por ter te acusado e não
poder provar. Espero que isso permita que eu me redima, porque a imprensa
inteira pensa que a culpada é você!
---vai ser uma vingança à altura! – elas ouviram batidas na porta.
---ta todo mundo sabendo do esquema Carol?
---ta sim! Quando você chegou, eu confirmei tudo. Agora é só ele entrar
e morder a isca!
Carol se escondeu e Alice se
sentou sensualmente em sua cadeira.
---entra Taylor.
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